domingo, 17 de julho de 2011


ucinéia Nunes - O Estado de S. Paulo


Tudo muito leve. Como a família não come nada com alho e cebola, Maria usa ervas aromáticas para dar sabor aos pratos
A decoradora Flávia Brito não conseguia encontrar uma boa cozinheira de jeito nenhum. Recorreu a Santo Antônio - pediu a graça ao santo casamenteiro e pendurou uma imagem dele na cozinha. Não deu outra: Maria das Dores Lopes Ramos apareceu na mesma semana.
As duas conversaram por telefone. E sem saber da devoção da futura patroa, a candidata ao cargo encerrou a conversa dizendo: "Vai dar tudo certo, estive hoje na igreja de Santo Antônio".
Deu certo, claro. E o "casamento" já dura seis anos. "No começo tive de me adaptar, a família não come nada com alho e cebola e usa pouquíssimo óleo. Fiquei com medo de não gostarem da minha comida", conta Maria.
Para dar sabor aos pratos, ela usa ervas aromáticas em profusão. "Em casa gostamos de tudo muito leve, com pouco molho e sem condimentos", diz Flávia, que não dispensa o arroz com feijão da cozinheira.
A lista de pratos preferidos da família é extensa: peixes, risotos, torta de frango. "Também tem o macarrão com molho branco e o bife", lembra Francisco, de 9 anos, filho único de Flávia.
Mas, além de macarrão, bife ou torta de frango, Maria gosta mesmo é de preparar o folhado de camarão com molho de agrião, que ela e Flávia adaptaram. Para acompanhar, sugere salada de rúcula com peras grelhadas e queijo de cabra. "Este molho de agrião também é um ótimo acompanhamento para peixes e legumes grelhados", aconselha Maria, enquanto, sob a bênção de Santo Antônio, vai recheando com camarões a massa folhada comprada pronta.
Folhado de camarão com molho de agriãopor Maria Lopes Ramos
5-6 porções
1 hora de preparo
Fácil
IngredientesPara o caldo de camarão: 1,5 litro de água; carcaças de 1 quilo de camarão
Para a massa: 1 lâmina de massa folhada de 300g; 1 gema; 1 colher (sopa) de manteiga
Para o molho: 2 xícaras (chá) de caldo de camarão; 2 xícaras de agrião picado; 1/2 pão seco ralado; sal a gosto, azeite
Para o camarão: 1,2 quilo de camarão rosa médio; suco de 1 limão; sal a gosto; azeite; salsicha picada para decorar
PreparoCaldo: Lave bem as carcaças de camarão e leve ao fogo com água, por 30 minutos ou até reduzir. Coe e reserve.
Massa: Abra a massa descongelada na assadeira. Unte com manteiga os dois lados de um pedaço de papel-alumínio e ponha sobre a massa. Dobre a massa sem tirar o papel-alumínio, pincele-a com a gema e leve ao forno preaquecido a 180°C, por 20 minutos, até dourar. Tire do forno, retire o papel-alumínio com cuidado e recheie a massa enquanto ainda estiver quente.
Molho: Bata no liquidificador o caldo de camarão e o agrião e despeje numa panela com um fio de azeite, o pão ralado e o sal. Leve ao fogo por 5 minutos para engrossar. Reserve.
Camarão: Tempere com limão e sal. Grelhe dos dois lados em frigideira bem quente e com um pouco de azeite.
MontagemPonha a massa no prato de servir, abra com cuidado para retirar o papel-alumínio, recheie com o molho quente e os camarões. Salpique salsinha picada para decorar e sirva.

top 10 paladar


ucinéia Nunes - O Estado de S. Paulo


Tudo muito leve. Como a família não come nada com alho e cebola, Maria usa ervas aromáticas para dar sabor aos pratos
A decoradora Flávia Brito não conseguia encontrar uma boa cozinheira de jeito nenhum. Recorreu a Santo Antônio - pediu a graça ao santo casamenteiro e pendurou uma imagem dele na cozinha. Não deu outra: Maria das Dores Lopes Ramos apareceu na mesma semana.
As duas conversaram por telefone. E sem saber da devoção da futura patroa, a candidata ao cargo encerrou a conversa dizendo: "Vai dar tudo certo, estive hoje na igreja de Santo Antônio".
Deu certo, claro. E o "casamento" já dura seis anos. "No começo tive de me adaptar, a família não come nada com alho e cebola e usa pouquíssimo óleo. Fiquei com medo de não gostarem da minha comida", conta Maria.
Para dar sabor aos pratos, ela usa ervas aromáticas em profusão. "Em casa gostamos de tudo muito leve, com pouco molho e sem condimentos", diz Flávia, que não dispensa o arroz com feijão da cozinheira.
A lista de pratos preferidos da família é extensa: peixes, risotos, torta de frango. "Também tem o macarrão com molho branco e o bife", lembra Francisco, de 9 anos, filho único de Flávia.
Mas, além de macarrão, bife ou torta de frango, Maria gosta mesmo é de preparar o folhado de camarão com molho de agrião, que ela e Flávia adaptaram. Para acompanhar, sugere salada de rúcula com peras grelhadas e queijo de cabra. "Este molho de agrião também é um ótimo acompanhamento para peixes e legumes grelhados", aconselha Maria, enquanto, sob a bênção de Santo Antônio, vai recheando com camarões a massa folhada comprada pronta.
Folhado de camarão com molho de agriãopor Maria Lopes Ramos
5-6 porções
1 hora de preparo
Fácil
IngredientesPara o caldo de camarão: 1,5 litro de água; carcaças de 1 quilo de camarão
Para a massa: 1 lâmina de massa folhada de 300g; 1 gema; 1 colher (sopa) de manteiga
Para o molho: 2 xícaras (chá) de caldo de camarão; 2 xícaras de agrião picado; 1/2 pão seco ralado; sal a gosto, azeite
Para o camarão: 1,2 quilo de camarão rosa médio; suco de 1 limão; sal a gosto; azeite; salsicha picada para decorar
PreparoCaldo: Lave bem as carcaças de camarão e leve ao fogo com água, por 30 minutos ou até reduzir. Coe e reserve.
Massa: Abra a massa descongelada na assadeira. Unte com manteiga os dois lados de um pedaço de papel-alumínio e ponha sobre a massa. Dobre a massa sem tirar o papel-alumínio, pincele-a com a gema e leve ao forno preaquecido a 180°C, por 20 minutos, até dourar. Tire do forno, retire o papel-alumínio com cuidado e recheie a massa enquanto ainda estiver quente.
Molho: Bata no liquidificador o caldo de camarão e o agrião e despeje numa panela com um fio de azeite, o pão ralado e o sal. Leve ao fogo por 5 minutos para engrossar. Reserve.
Camarão: Tempere com limão e sal. Grelhe dos dois lados em frigideira bem quente e com um pouco de azeite.
MontagemPonha a massa no prato de servir, abra com cuidado para retirar o papel-alumínio, recheie com o molho quente e os camarões. Salpique salsinha picada para decorar e sirva.

top 10 paladar


Bacalhau e Vinho

  • 10 de abril de 2009|
  •  
  • 12h40|
  • Por Saul Galvão
O bacalhau é exigente, controverso mas aceita a companhia de muitos vinhos brancos, tintos e rosados bem escolhidos. Pessoalmente, prefiro um bom branco encorpado, de preferência com passagem pela madeira, mas há tintos mais frutados, sem taninos que escoltam corretamente várias receitas com esse peixe.
Com um boa posta de bacalhau, preparada com simplicidade para ressaltar o seu sabor, não tenho dúvidas de que um branco encorpado é ótima opção. No grupo Amarante, que se reúne há mais de 25 anos para provar vinhos, fizemos duas experiências para ver quais vinhos combinam com um bacalhau com bastante azeite, batatas e cebolas pequenas. Uma receita espetacular, infelizmente cara. Para preparar esse “bacalhau rico das Tatas”, forre uma panela pesada com batatas pequenas descascadas. Depois, disponha as postas de bacalhau dessalgado. Entre as postas, cabeças inteiras de alho com as cascas. Por cima, cebolas pequenas. Finalmente azeite até quase cobrir as cebolas. Leve a fogo bem fraco e cozinhe até amolecer as cebolas. Quase um confit de bacalhau.
Pois bem, nas duas ocasiões, um branco de Rioja, Conde de Valdemar Fermentado em barricas foi o escolhido por unanimidade. Mas não é qualquer branco que gosta de bacalhau. Os mais leves, frutados e com pouco corpo costumam ser arrasados por esse peixe especial. Entre esses, os Verdes, que podem ser deliciosos,mas com pouco corpo e concentração para o embate.Os melhores são os encorpados, com estágio no carvalho, entre os quais se destacam os Chardonnays (Bourgogne, Califórnia, Argentina, Chile, Brasil e outros de classe corpo Os brancos de Rioja elaborados à maneira antiga, envelhecidos e com toques de carvalho, são ótimas opções. Isso foi comprovado numa degustação de postas de bacalhau na brasa na Churrascaria North Grill, noShopping Frei Caneca.
O tinto é mais complicado. Muitos deles têm tanino, aquele ingrediente que amarra a boca, como algumas frutas verdes. Sal e tanino não se dão mesmo e é comum aparecer um gosto metálico, de maresia. Os melhores são os com pouco tanino, como os elaborados com a Pinot Noir ((Bourgogne, Califórnia, Argentina, Chile, Brasil); Rioja envelhecido (Reserva e Gran Reserva); alguns Merlots ligeiros, entre os quais vários nacionais. Os frutos da Pinot Noir na Nova Zelândia, provados para a próxima coluna se comportaram muito bem com o mesmo bacalhau na brasa.
Catarina 2007
Onde encontrar: Portus Cale. Telefone: 3673-0500.
Preço: R$ 41,36.
Cotação: 89/100 pontos.
Provado para a coluna Tintos e Brancos publicada pelo suplemento Paladar, do Estadão, no dia 9 de abril.
Um belo vinho, favorecido pela boa relação qualidade –preço. Produzido pela Bacalhoa na Península de Sebúbal (Vinho Regional Terras do Sado). Um corte das uvas Fernão Pires (a branca mais difundida em Portugal). Fermentado parcialmente em barricas de carvalho, que aparece na dose certa, sem ofuscar as frutas. Amarelo caminhando para o dourado. Aroma intenso, interessante e complexo. Aparecem as notas de madeira e também evocações florais e minerais. Um aroma gostoso, no qual algo de mel se destaca, que aparece também na boca. Gostoso de beber, com ótima acidez, pedindo sempre o próximo gole. Um tinto longo, equilibrado e que deixa sensação de boca limpa. Complementou muito bem mesmo a posta de bacalhau. Nenhum dis dois (vinho e bacalhau) dominou demais. 13,5% de álcool.
Marqués de Casa Concha 2006
Onde encontrar: Expand. Telefone: 3847-4747.
Preço: R$ 78
Cotação: 90/100 pontos.
Provado para a coluna Tintos e Brancos publicada pelo suplemento Paladar, do Estadão, no dia 9 de abril.
Um branco da Concha y Toro feito na zona de Pirque, de onde saem também os melhores tintos da enorme empresa, nos arredores de Santiago. A Concha y Toro vem produzindo ótimos brancos, como este Chardonnay de classe, redondo, macio, mas não enjoativo, com passagem pelas barricas de carvalho, que aparece bem equilibradamente, sem dominar demais. Aroma ótimo, com muitas frutas tropicais, como abacaxi em calda e também algo de mel. Seguiu no mesmo diapasão na boca. Sempre os toques de madeira e de frutas tropicais. De novo, abacaxi. Sedoso, macio e com ótima acidez. Nada enjoativo. Encorpado o suficiente para acompanhar o bacalhau. Quente, mas não alcoólico.Álcool equilibrado. Deixou sensação gostosa na boca. 14% de álcool., sem apare
Conde de Valdemar Fermentado em Barricas 2006
Onde encontrar: Mistral. Telefone: 3372-3400.
Preço: R$ 81,54
Cotação: 90/100 pontos.
Provado para a coluna Tintos e Brancos publicada pelo suplemento Paladar, do Estadão, no dia 9 de abril.
Propiciou ótima combinação com o bacalhau, confirmando a retrospectiva. Um branco de Rioja, provavelmente a mais importante região vinícola da Espanha. Feito exclusivamente com a uva Viura, a principal branca da Rioja, também conhecida por Macabeu. A Viura não é das mais aromáticas, porém tem vocação para passar pelo carvalho e capacidade de envelhecer um pouco. Este é bem novo e se mostrou em plena forma. Aroma gostoso, mas não dos mais intensos. Madeira apareceu ao lado de frutas. Melhor na boca. Equilibrado, concentrado e gostoso. Fácil de beber e de gostar. Uma belíssima companhia para muitas receitas cm bacalhau. Álcool equilibrado. 13% de álcool.
Leyda Lot 5 – 2007
Onde encontrar: Grand Cru. Telefone: 3062-6388.
Preço: R$ 109
Cotação: 92/100 pontos.
Provado para a coluna Tintos e Brancos publicada pelo suplemento Paladar, do Estadão, no dia 9 de abril.
Um belíssimo chileno, companheiro mais do que adequado para o bacalhau. Infelizmente, caro. Feito com a Chardonnay que nova região de San-Antonio-Leyda, plantada com uvas há pouco tempo. Fica bem perto do Oceano Pacífico, de onde vem as brisas frias que marcam o clima. Uma zona com especial vocação para os brancos e tintas que se adaptam ao frio, como a Pinot Noir. Um branco que começou otimamente no aroma e melhorou na boca. Aroma muito potente, com algo de mineral, no que me lembrou um Chablis da França. Também aparecem frutas tropicais, como abacaxi. Na boca, delicado e, sobretudo, elegante. Longo. Ótima acidez e bastante equilibrado. 14% de álcool.

Bacalhau e Vinho

  • 10 de abril de 2009|
  •  
  • 12h40|
  • Por Saul Galvão
O bacalhau é exigente, controverso mas aceita a companhia de muitos vinhos brancos, tintos e rosados bem escolhidos. Pessoalmente, prefiro um bom branco encorpado, de preferência com passagem pela madeira, mas há tintos mais frutados, sem taninos que escoltam corretamente várias receitas com esse peixe.
Com um boa posta de bacalhau, preparada com simplicidade para ressaltar o seu sabor, não tenho dúvidas de que um branco encorpado é ótima opção. No grupo Amarante, que se reúne há mais de 25 anos para provar vinhos, fizemos duas experiências para ver quais vinhos combinam com um bacalhau com bastante azeite, batatas e cebolas pequenas. Uma receita espetacular, infelizmente cara. Para preparar esse “bacalhau rico das Tatas”, forre uma panela pesada com batatas pequenas descascadas. Depois, disponha as postas de bacalhau dessalgado. Entre as postas, cabeças inteiras de alho com as cascas. Por cima, cebolas pequenas. Finalmente azeite até quase cobrir as cebolas. Leve a fogo bem fraco e cozinhe até amolecer as cebolas. Quase um confit de bacalhau.
Pois bem, nas duas ocasiões, um branco de Rioja, Conde de Valdemar Fermentado em barricas foi o escolhido por unanimidade. Mas não é qualquer branco que gosta de bacalhau. Os mais leves, frutados e com pouco corpo costumam ser arrasados por esse peixe especial. Entre esses, os Verdes, que podem ser deliciosos,mas com pouco corpo e concentração para o embate.Os melhores são os encorpados, com estágio no carvalho, entre os quais se destacam os Chardonnays (Bourgogne, Califórnia, Argentina, Chile, Brasil e outros de classe corpo Os brancos de Rioja elaborados à maneira antiga, envelhecidos e com toques de carvalho, são ótimas opções. Isso foi comprovado numa degustação de postas de bacalhau na brasa na Churrascaria North Grill, noShopping Frei Caneca.
O tinto é mais complicado. Muitos deles têm tanino, aquele ingrediente que amarra a boca, como algumas frutas verdes. Sal e tanino não se dão mesmo e é comum aparecer um gosto metálico, de maresia. Os melhores são os com pouco tanino, como os elaborados com a Pinot Noir ((Bourgogne, Califórnia, Argentina, Chile, Brasil); Rioja envelhecido (Reserva e Gran Reserva); alguns Merlots ligeiros, entre os quais vários nacionais. Os frutos da Pinot Noir na Nova Zelândia, provados para a próxima coluna se comportaram muito bem com o mesmo bacalhau na brasa.
Catarina 2007
Onde encontrar: Portus Cale. Telefone: 3673-0500.
Preço: R$ 41,36.
Cotação: 89/100 pontos.
Provado para a coluna Tintos e Brancos publicada pelo suplemento Paladar, do Estadão, no dia 9 de abril.
Um belo vinho, favorecido pela boa relação qualidade –preço. Produzido pela Bacalhoa na Península de Sebúbal (Vinho Regional Terras do Sado). Um corte das uvas Fernão Pires (a branca mais difundida em Portugal). Fermentado parcialmente em barricas de carvalho, que aparece na dose certa, sem ofuscar as frutas. Amarelo caminhando para o dourado. Aroma intenso, interessante e complexo. Aparecem as notas de madeira e também evocações florais e minerais. Um aroma gostoso, no qual algo de mel se destaca, que aparece também na boca. Gostoso de beber, com ótima acidez, pedindo sempre o próximo gole. Um tinto longo, equilibrado e que deixa sensação de boca limpa. Complementou muito bem mesmo a posta de bacalhau. Nenhum dis dois (vinho e bacalhau) dominou demais. 13,5% de álcool.
Marqués de Casa Concha 2006
Onde encontrar: Expand. Telefone: 3847-4747.
Preço: R$ 78
Cotação: 90/100 pontos.
Provado para a coluna Tintos e Brancos publicada pelo suplemento Paladar, do Estadão, no dia 9 de abril.
Um branco da Concha y Toro feito na zona de Pirque, de onde saem também os melhores tintos da enorme empresa, nos arredores de Santiago. A Concha y Toro vem produzindo ótimos brancos, como este Chardonnay de classe, redondo, macio, mas não enjoativo, com passagem pelas barricas de carvalho, que aparece bem equilibradamente, sem dominar demais. Aroma ótimo, com muitas frutas tropicais, como abacaxi em calda e também algo de mel. Seguiu no mesmo diapasão na boca. Sempre os toques de madeira e de frutas tropicais. De novo, abacaxi. Sedoso, macio e com ótima acidez. Nada enjoativo. Encorpado o suficiente para acompanhar o bacalhau. Quente, mas não alcoólico.Álcool equilibrado. Deixou sensação gostosa na boca. 14% de álcool., sem apare
Conde de Valdemar Fermentado em Barricas 2006
Onde encontrar: Mistral. Telefone: 3372-3400.
Preço: R$ 81,54
Cotação: 90/100 pontos.
Provado para a coluna Tintos e Brancos publicada pelo suplemento Paladar, do Estadão, no dia 9 de abril.
Propiciou ótima combinação com o bacalhau, confirmando a retrospectiva. Um branco de Rioja, provavelmente a mais importante região vinícola da Espanha. Feito exclusivamente com a uva Viura, a principal branca da Rioja, também conhecida por Macabeu. A Viura não é das mais aromáticas, porém tem vocação para passar pelo carvalho e capacidade de envelhecer um pouco. Este é bem novo e se mostrou em plena forma. Aroma gostoso, mas não dos mais intensos. Madeira apareceu ao lado de frutas. Melhor na boca. Equilibrado, concentrado e gostoso. Fácil de beber e de gostar. Uma belíssima companhia para muitas receitas cm bacalhau. Álcool equilibrado. 13% de álcool.
Leyda Lot 5 – 2007
Onde encontrar: Grand Cru. Telefone: 3062-6388.
Preço: R$ 109
Cotação: 92/100 pontos.
Provado para a coluna Tintos e Brancos publicada pelo suplemento Paladar, do Estadão, no dia 9 de abril.
Um belíssimo chileno, companheiro mais do que adequado para o bacalhau. Infelizmente, caro. Feito com a Chardonnay que nova região de San-Antonio-Leyda, plantada com uvas há pouco tempo. Fica bem perto do Oceano Pacífico, de onde vem as brisas frias que marcam o clima. Uma zona com especial vocação para os brancos e tintas que se adaptam ao frio, como a Pinot Noir. Um branco que começou otimamente no aroma e melhorou na boca. Aroma muito potente, com algo de mineral, no que me lembrou um Chablis da França. Também aparecem frutas tropicais, como abacaxi. Na boca, delicado e, sobretudo, elegante. Longo. Ótima acidez e bastante equilibrado. 14% de álcool.

Lucinéia Nunes

Aprovado. O sorbet cremoso de chimarrão foi feito para a matéria, mas fez tanto sucesso que a chef Carla Pernambuco vai servi-lo no restaurante Carlota. Foto: Alex Silva/AE
Para a chef Carla Pernambuco, gaúcha de Porto Alegre, gremista e apaixonada por churrasco, lugar de chimarrão sempre foi na cuia, quentinho, para ser sorvido aos poucos. Até que ela aceitou o desafio do Paladar e, com (muito) receio, descobriu que o mate pode ir para o prato. "Não gosto dessas invenções. Mas o resultado me surpreendeu", conta a chef. Carla criou duas receitas: uma farofa verde, sequinha e crocante, feita com manteiga aromatizada com chimarrão e companhia perfeita para carnes; e um sorvete cremoso à base de mate, que ela serviu sobre maçã verde e farofa de strudel.
"O chimarrão na farofa ficou suave, você sente depois", explica a chef do Carlota. "Já no sorvete, ele está mais pronunciado. Gostei muito. Vai entrar no cardápio", avisa Carla, que toma chimarrão há 20 anos na mesma cuia, redondinha, com suas iniciais gravadas na borda e o bico de ouro, para não queimar a boca. "É uma bebida excelente, diurética, mas que me deixa acelerada. Não posso tomar muito", diz.

tamanho da fonte:     

O Estado de S. Paulo

SÓ A MÁ SUFOCAEla adora clima quente, solo úmido e sombra. De cultivo fácil, cresce em qualquer quintal, rende inúmeras receitas e substitui à altura o espinafre e a couve. Ainda assim, a taioba está longe de ser popular. Um dos motivos, certamente, é a falta de conhecimento dos consumidores - e até dos produtores - para diferenciar a mansa da brava. Ambas têm oxalato de cálcio, mas o alto teor da segunda a torna muito tóxica.
Daí a importância de saber a diferença entre as duas e sempre escaldar mesmo a taioba mansa antes de usar. Aferventar as folhas é o melhor jeito de eliminar o oxalato de cálcio. A nutricionista Neide Rigo, do blog Come-se, cresceu consumindo taioba no sítio do pai e até hoje a cultiva por lá. "É versátil, fica uma delícia só refogada com alho e azeite ou em polentas, bolinhos e massas."
Faz seis meses que o gastrônomo italiano Roberto Smeraldi se dedica ao estudo da taioba (leia abaixo). Começou fazendo suflê para os filhos. Os meninos também foram os primeiros a aprovar outra invenção do pai: torta de taioba com amêndoa e cacau em pó. De um tacho de taioba refogada lentamente, Smeraldi ainda tira o recheio do ravióli, o tempero da farofa e o corante do nhoque. Ele a compra na barraca de Ayako Fukushima, na feira de sábado da Rua Diogo Jácome, na Vila Nova Conceição.
A chef Carla Pernambuco, do Carlota, também coleciona receitas com a folha. "Mas é como fruta da estação. Só uso quando tem", diz a chef.

Confira as receitas:
Se encontrar taioba nem sempre é fácil, pior é receber uma brava por engano, como aconteceu com Helena Rizzo. "Passei muito mal, tive uma dor de garganta forte, sufocante", conta a chef, que conheceu as folhas ao provar o prato de uma ex-funcionária. Gostou tanto que criou uma releitura para o menu-degustação: caruru de taioba, peixe empanado no mandiopã e taioba salteada - hoje a recebe de um "cuidadoso produtor orgânico".
Certa vez, depois de servir charutinho de taioba a um cliente, o chef e consultor Paulinho Martins foi chamado às pressas ao salão. O cliente sentiu a boca picar e a garçonete, muito sincera, disse que taioba mansa não pica, já a brava... pica e mata mesmo! O chef comeu um pedaço de taioba - e não morreu. Descobriu que o que ardia era a pimenta do molho que acompanhava o prato. /Lucinéia Nunes 
Por qual mistério a taioba não faz parte da mesa do brasileiro?
Roberto Smeraldi*
Existe uma diferença entre a taioba e os outros inúmeros ingredientes nativos brasileiros que os mercados desconhecem, desprezam e desperdiçam. Quase sempre são delícias de nicho, com gosto sofisticado, apelo exótico mesmo em pátria, que tendem a ser compreendidas por gastrônomos refinados ou chefs obcecados por pesquisa e novidades.
Caros, além de raros, dependem de delicados equilíbrios ambientais, requerem investimentos em tecnologia e valorização dos saberes tradicionais. A taioba não, nada disso. Desde que comecei a apreciá-la aumenta o mistério de por que não faz parte da mesa do brasileiro no dia a dia.
Seu preparo é facílimo e rápido: não precisa limpar nada, é só cortar grosseiramente e jogar numa frigideira com poucas gotas de gordura e uma pitada de sal, e ela desmancha sozinha. Não precisa eliminar nada: até o talo central em poucos minutos vira purê. Seu gosto é delicado, mesmo com personalidade. Não identifiquei rejeição em pessoas de qualquer idade, cultura e origem: praticamente unanimidade, inclusive pela textura macia. Sua versatilidade é superior àquela das verduras que abundam nas bancas de nossas feiras: taioba realmente combina com tudo. Em termos nutricionais e medicinais, é o sonho dos nutricionistas.
*É JORNALISTA, GASTRÔNOMOE DIRETOR DA OSCIP AMIGOS DA TERRA - AMAZÔNIA BRASILEIRA
Taioba Mansa
Xanthosoma sagittifolium
O RISCO
Ser confundida com a taioba brava (Colocasia sculenta), que em geral tem talo roxo. Na mansa, os lobos se juntam onde começa o talo. Ambas têm oxalato de cálcio, em maior concentração na brava, imprópria para consumo
COMO USAR
Folha e talo vão bem em suflês, sopas e em recheios de massa
---
URTIGA É DE COMERTem quem a chame de pária dos campos. Outros, de erva do mal. Dizem até que ela é a bruxa verde que atormenta crianças do interior. A anatomia da Urtica dioica, espécie mais disseminada da família das urtigas, também não ajuda: as folhas são cobertas de pelos que arranham a pele, causando irritação.
Paladar nunca tinha se aproximado muito da urtiga. Até que, no fim do ano passado, Alice Waters, chef do restaurante californiano Chez Panisse, nos mandou colocá-la sobre o queijo da pizza. Poderia se tratar de outro tipo de nettle (urtiga, em inglês) que nós aqui não conhecemos?
A nutricionista Neide Rigo confirmou a identidade da planta e ensinou que, para levá-la à mesa, basta saber domá-la. "Os tricomas (pelos) têm ácido fórmico, que é neutralizado amassando as folhas com as mãos sob a torneira, com os galhos de cabeça para baixo, ou com uma rápida cocção", disse.
Cultivada pelos egípcios, celtas e povos nórdicos para obter óleo comestível, o efeito medicinal da urtiga foi amplamente difundido - segundo o biólogo Gil Felippe, autor do livro Venenosas (Ed. Senac), por muito tempo a planta seca, ingerida como chá, foi usada como estimulante sexual por aumentar os níveis de testosterona.
Seu sabor lembra espinafre ou uma rúcula "amansada". Na Europa e na Ásia, é comum usar urtiga em sopas, saladas e refogados.
No Brasil, são os descendentes de europeus, especialmente os alemães, os mais afeitos a ela. "Por isso, e também pelo clima, é mais cultivada no Rio Grande do Sul", explica Neide.
"Regiões montanhosas e carentes de Portugal fazem uso generoso da urtiga", conta o chef Vitor Sobral.
Lá, ela é conhecida como "planta das mil virtudes". A família de Sobral, natural do Alentejo e de Trás-os-Montes, manteve o costume de comê-la com pão e ovo e no esparregado - prato que lembra um purê e é tradicionalmente feito com espinafre, mas os Sobrais preparavam com urtiga. No restaurante Terreiro do Paço, em Lisboa, o chef reproduz a receita do esparregado. Com urtiga, é claro. "É comfort food", diz. / Olívia Fraga

Há quem prefira taioba, maniva... e há quem prefira urtiga
*Neka Menna Barreto
Minha carreira de cozinheira começou com urtiga. Em meus passeios de criança pelos arredores de Porto Alegre, achava curioso a urtiga picar. A coceira na mão era normal, nada tão assustador. Criança gosta de perigo, e eu sempre fui curiosa. Havia um terreno baldio ao lado de casa cheio daquelas plantinhas peludas. Diziam que dava para comer, mas nós não nos atrevíamos. Até que um dia quis brincar com ela. Foi na época em que estudava nutrição. Consultei um amigo biólogo, que me garantiu que, refogada, não fazia mal.
Costumo dizer que tudo que nasce perto da gente é bom, e a urtiga é prova disso. Refoguei um punhado e usei como recheio dos pastéis que vendia na faculdade. Imaginem os olhares dos nutricionistas quando eu falava que era urtiga. O gosto era de espinafre, ou de uma rúcula mais gentil, delicioso. Vendi por mais de um ano. Comprava as folhas do Pascoal, que tinha uma banca na feira do Brique da Redenção. Ainda hoje, na feira de São Joaquim, é comum encontrar urtiga seca para chá.
*É NUTRICIONISTA E DONA DO NEKA GASTRONOMIAS
* UrtigaUrtica dioica
O RISCO
Os pelos têm ácido fórmico e, quando rompidos, deixam uma ponta afiada que fura a pele e libera histamina, um vasodilatador. Antes de usar, escalde-a, refogue ou limpe as folhas com um pano de prato para retirar os pelos
COMO USAR
Em sopas, refogada ou em pratos como o esparregado
---
AMANSADA PELA NOITEAs folhas da mandioca custam a ultrapassar as fronteiras da cozinha paraense, onde é o ingrediente da maniçoba. Antes pilada até virar pasta, a folha hoje é moída, seca e cozida por dias.
Mas a melhor maneira de eliminar o ácido cianídrico (que causa asfixia) é triturar as folhas e expô-las por uma noite a temperatura ambiente. "Depois de picada, também pode ser colocada em água fria e aquecida até o cozimento", explica a engenheira agrônoma Marney Pascoli Cereda, professora e pesquisadora do Centro de Tecnologia e Análise do Agronegócio (Ceteagro).
Se a longa cocção é desnecessária para eliminar a toxina, é ideal para apurar as carnes e dar a cor negra ao prato. "Tem gente que usa a folha da mandioca-mansa, mas ela não deixa a maniçoba escura. E quanto mais escura, melhor", diz Tânia Martins, que assumiu o comando do Lá em Casa depois da morte do marido, o chef Paulo Martins, em setembro do ano passado.
Martins foi dos poucos a estudar outros usos para a maniva, como também é conhecida a folha da mandioca-brava no Norte do País. "Ele desidratava e processava a maniçoba até virar pó. Depois usava para tingir a massa do ravióli", conta Tânia, que chega a usar 30 quilos de maniva por semana no preparo de 90 quilos de maniçoba.
Confira a receita:
O ravióli negro esteve no cardápio do restaurante em 2006, como prato da Boa Lembrança. "Compro a folha já cozida por cinco dias e deixo por mais cinco no fogo para fazer a maniçoba, colocando primeiro na panela os ingredientes mais tenros", diz.
Thiago Castanho, do Remanso do Peixe, em Belém do Pará, usa a folha de mandioca só para fazer maniçoba e segue à risca a receita que sua avó fazia em Bragança, interior de Belém (leia à direita).
Sua única intervenção foi na apresentação do prato, servido em panelas de barro. "Turistas sempre têm uma repulsa inicial pela aparência da maniçoba. Enquanto nós a achamos incrivelmente bonita", diz o chef, que compra as folhas pré-cozidas da produtora rural Ana Zilda Araújo de Souza, que há 12 anos vende subprodutos da mandioca nas ruas de Belém. / Lucinéia Nunes 

O ‘veneno’ da folha de mandioca se perde no ar de Belém
*Thiago Castanho
Dizem que sem o desapego à tradição não se abre a mente para a criatividade. Esse pensamento vem à mente quando o assunto é maniçoba. Tida como iguaria por quem é de fora, maniva, para o paraense, é algo típico. Na época do Círio, Belém cheira a maniva sendo cozida, quando as casas se preparam para a festa religiosa. Também é comida de rua e tem muita gente que passa o dia com um prato de maniçoba – na zona comercial é um prato barato (e sustenta), R$ 4, com arroz e farinha-d’água.
Leva cerca de oito dias para ficar pronta. Pesquisando fontes históricas, descobre-se que a maniçoba antigamente levava carnes moqueadas (assadas na brasa). Com o tempo, embutidos e carnes salgadas foram tomando conta do prato. Na casa da minha avó as carnes eram assadas na brasa antes de entrarem na maniçoba. Até hoje fazemos assim. Fica mais leve, porque boa parte da gordura derrete na brasa. E, assim como na feijoada, é o colágeno da orelha e dos pés de porco e de boi que dá estrutura à maniçoba. Na última hora de cozimento da maniçoba, juntam-se os temperos: cebola, alho e cheiros refogados.
*É CHEF DO RESTAURANTE REMANSO DO PEIXE, EM BELÉM

* Folha de mandiocaManihot esculenta, Crantz
O RISCO
Tanto a brava quanto a mansa têm ácido cianídrico, que pode ser eliminado triturando as folhas
COMO USAR
Moída e seca é empregada em cozidos, massas e caldos. Também pode ser refogada
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O BROTO DA POLÊMICA
Amplamente consumido na região central de Minas Gerais e no Vale do Jequitinhonha, o broto de samambaia é um acompanhamento culinário tradicional. Na preparação mineira, o broto de samambaia - na verdade as folhas jovens da Pteridium aquilinum - é aferventado três vezes com bicarbonato de sódio. A água de cada uma das três fervuras é desprezada, para eliminar os taninos e substâncias tóxicas. O broto então é fatiado e refogado para acompanhar a costelinha de porco e o angu.
Mas há alguns anos um estudo da Universidade Federal de Ouro Preto, em Minas Gerais, concluiu que o broto da samambaia - cru ou aferventado - contém em sua composição um princípio potencialmente cancerígeno, o ptaquilosídeo.
No Japão, o broto de samambaia (warabi) também é bastante popular e chega a ser importado para dar conta da demanda. Por lá o ingrediente também é polêmico. Em vários estudos científicos, o consumo do broto foi associado a alta incidência de câncer de estômago. / Cíntia Bertolino